Kelly Soares

Dona Maria acorda cedo, ela tem uma jornada de duas horas para chegar ao seu local de destino: a igreja.

Lucia, não mora tão longe, mas na noite anterior esperou o filho ate às três da manhã, ele chegou as 4h, caindo de bêbado.

Joseja teve uma briga com seu esposo, descobriu que ele estava a traindo.

São vários seres, várias identidades, vários problemas indo se reunir em um único lugar porque acreditam que lá encontrarão soluções.

Só que chegando lá, encontram obreiros de cara fechada. Ocupados demais para atende-los, uma correria tão grande que deixa bem claro que o povo é segunda opção. 

O povo é segunda opção?

Qual é nossa função? Usar uma roupinha bonitinha e desfilar pelo salão exibindo nossa "beleza"?

Bater papo com nossas colegas enquanto o bispo faz sozinho um trabalho de libertação?

O que somos? Manequins? Estatuas? Assistentes de palco?

Temos um povo sobre águas turbulentas, tão desacreditados que o barco poderá chegar. Numa tempestade assustadora. Nós somos o salva vidas. Nós é quem mergulhamos e vamos de encontro a eles, e as vezes mesmo sem força arrastamos aquela pessoa para dentro do barco.

Nós somos os salva vidas... dá pra entender?

Não somos assistentes de pastor, não estamos ali para pegar o óleo ou entregar panfletos. 

Estamos alí para salvar vidas... E para salvar vidas você precisa saber nadar, precisa ter revolta, fé, foco, e amor pelas almas.

Tem muita gente se afogando para você ficar numa porta contando as fofocas do dia anterior!

Mais atenção queridos obreiros, tem muita se afogando enquanto você brinca com o colete!

Kelly Soares